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Zenilda Reggiani Cintra
Há pouco tempo escrevi um texto com o mesmo título, com
ênfase de que precisamos nos sensibilizar diante do que acontece com o ser
humano, alvo de tanta violência e destruição provocadas pelo maligno. |
Sensibilizarmo-nos, cristãmente falando, é levar nossas emoções diante do Senhor, suplicando sua interferência na história.
Mas é possível também olhar por outro viés, aquele de que precisamos
de espaço para chorar, derramar nossas lágrimas e sermos acolhidos
simplesmente, não por causa do sofrimento do outro, mas em motivo das nossas próprias
dores.
Minha amiga perdeu a sua mãe, depois de uma história cheia
de feridas, mas ainda com tempo para restauração e coração livre para perdoar. Em
nosso abraço de solidariedade disse que queria me encontrar para simplesmente
chorar. E chorou.
Na cerimônia fúnebre antes do sepultamento do meu pai, há
alguns anos, a família estava perfilada para os cumprimentos e as minhas
lágrimas teimavam em cair. Foi quando alguém passou e me disse: cuidado com o
choro; olha o testemunho, hein!
Dia desses, depois de algumas perdas significativas de
relacionamentos, eu queria chorar. Acredito que sei o suficiente dos princípios
bíblicos de perdão, cuidado e soberania de Deus e outros, mas queria apenas chorar.
Impelida a racionalizar, não chorei.
Jesus estava olhando para a cidade de Jerusalém e antevendo
o sofrimento do seu povo, chorou. Também diante da morte do seu amigo Lázaro,
chorou.
Quero apenas, algumas vezes, simplesmente chorar. E também
acolher aqueles que choram.
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