Os jovens de hoje, nascidos nos anos 80 e 90, são aqueles contemporâneos da revolução digital e por isso “têm uma relação com a comunicação diferente da geração anterior. Um jovem hoje consegue ver televisão, trabalhar no computador, conversar no MSN [programa de bate-papo pela internet] e ainda ouvir uma musiquinha". É o que constatou uma pesquisa do Ibmec (Instituto de Tecnologia do Mercado de Capitais), iniciada em 2007, com jovens estudantes (Portal Exame, 130810).
Essa intimidade tecnológica não é novidade para os pais e líderes porque quem já não se valeu da ajuda de um jovem para dicas no computador, uso do celular e outros aparelhos digitais? Quem são aqueles que nas igrejas, estão no som, multimídia, filmagem e outras ferramentas de comunicação? Eles, os jovens. Outras características dessa geração, reveladas pela pesquisa coordenada pela economista Lúcia Oliveira, professora da graduação em Administração do Ibmec, são que “usam mídias sociais com facilidade, são informais nas relações pessoais - menos hierarquizadas - e têm facilidade de trabalhar em grupo, formando redes, em tarefas colaborativas, que não precisam nem ser feitas no mesmo espaço, mas pela internet. Esta geração está habituada a se comunicar, a se integrar e a colaborar virtualmente".
O que isso tem a nos dizer? Muitos púlpitos das igrejas hoje “demonizam” os jovens e a internet. Assim como no passado a televisão, o cinema e outras formas de arte e mídia foram estigmatizadas pelas igrejas, hoje a internet é o alvo principal para responsabilizar a falta de espiritualidade dos jovens. Certo que a internet é uma ferramenta poderosa e invasiva que pode facilitar caminhos para a pornografia, prostituição, vícios e envolvimento com filosofias heréticas, entre outros, mas todos sabemos que a internet também pode ser uma bênção para o ministério cristão dos jovens, que traz benefícios para o Reino e para a igreja local.
Um dos grandes desafios para a geração anterior a essa, os que hoje em sua grande maioria exercem a liderança de ponta nas igrejas, é perceber a forma de trabalhar e o potencial dos jovens. Dificilmente encontraremos, por exemplo, um jovem que queira assumir a liderança de qualquer área, mas se dissermos que ele trabalhará com uma equipe então a disposição muda. Reuniões? Quase tudo é decidido por emails ou pelas redes sociais como o Orkut, twitter e msn. Encontros para planejamento ou capacitação? Só se forem acompanhados de um churrasco ou pizza. Relacionamento com pastores e liderança? Só pelo caminho da amizade e cumplicidade.
Um dos grandes problemas para o engajamento dessa geração na igreja é a grande resistência de lideranças para o investimento em tecnologia e uso da internet, como emails por exemplo. Fica então difícil conciliar a expectativa dos jovens com aqueles que ainda querem decidir tudo em nível pessoal e não virtual ou para os que ainda desejam o culto na forma tradicional, sem o uso de multimídia e outros recursos que dinamizam as informações e a captação das mensagens que desejamos transmitir.
A igreja é de todos e esta geração tecnológica faz parte dela também. Facilitar os caminhos para o engajamento no Reino de Deus e mentorear os jovens é o grande desafio hoje para termos uma igreja saudável no relacionamento entre os diversos grupos. Uma igreja que sinalize o quanto essa tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa para alcançar pessoas com o evangelho de Cristo, valendo-se de uma geração, por que não, preparada por Deus, para ser também resposta para as exigências deste tempo.
(Pra. Zenilda Reggiani Cintra, publicado em OJB, 220810)
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