quinta-feira, 16 de setembro de 2010

INDEPENDÊNCIA

Ilha de Villegagnon,no Rio de Janeiro,  onde hoje está a Escola Naval. Aqui foi realizado o primeiro culto nas Américas, em 1557

Às margens do rio Ipiranga, o “grito” de D. Pedro, Independência ou Morte, ficou registrado para a história como o momento oficial da Independência do Brasil. Aquele que então iniciava o único império da América Latina atendia ao apelo dos que não queriam a recolonização do país com a volta da realeza para Portugal. Os fatos que culminaram na Independência começam, de uma forma mais decisiva, em 1808 com a vinda da família real portuguesa. De colônia, o Brasil passa a ser metrópole e então a emancipação política tornou-se irreversível.
Desde o início da nossa história, os evangélicos, especialmente protestantes, ficaram à margem da sociedade, da influência política e social e foram sempre retratados como “invasores”, como se os colonizadores não o fossem.  Primeiro, os protestantes chegaram com os franceses e em 10 e março de 1557 foi realizado o primeiro culto no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Divergências internas e a expulsão dos franceses, em 1567, acabaram com a tentativa de se estabelecer a primeira igreja e o primeiro trabalho missionário no Brasil e América Latina. 

Em uma segunda oportunidade, os protestantes vieram para o Nordeste com os holandeses a partir de 1630, expandindo igrejas e estabelecendo um trabalho missionário também entre os indígenas. Em 1654 os holandeses também foram expulsos e com eles essa segunda tentativa de estabelecer a igreja evangélica também fracassou.

Mapa do auge da conquista holandesa no Nordeste Brasileiro, tendo
o Rio São Francisco como fronteira Sul e o Maranhão como fronteira Norte
Passaram-se mais de 150 anos até que os protestantes chegassem novamente ao Brasil, agora como empreendedores, depois da vinda de D. João VI  e da  família real. Tendo que abrir a sua economia para outros países e, portanto, para a fé que os estrangeiros traziam com eles, como os ingleses e americanos, um novo capítulo da história dos cristãos evangélicos no país começou a ser escrita.  Vinte e quatro anos depois, a Independência favoreceu ainda mais a evangelização do país, uma vez que o Brasil precisava desenvolver-se e era necessário para isso o investimento dos países protestantes. Já no final do século 19, após a proclamação da República,  os evangélicos foram enriquecidos pela fé que veio com os imigrantes, que espalharam-se especialmente pelas regiões Sul e Sudeste. Tudo isso fez com que chegássemos aos nossos dias quando temos nossa independência religiosa garantida pela Constituição e podemos professar a nossa fé com liberdade.
Deus escreve a sua própria história, dentro da sua soberania. Fascina-me pensar que desde o descobrimento, o olhar do Senhor já estava no Brasil, enviando pessoas que, ainda que rejeitadas, deixaram as sementes de fé, lágrimas e sacrifício entre nós. Também me fascina Deus permitir que ao longo da história os fatos convergissem para que o nome de Jesus pudesse ser proclamado com liberdade. Quem diria que no século XXI haveria tantos evangélicos no Brasil?
Apesar de todas as críticas e desconstruções que muitos sabem fazer tão bem, não podemos negar a bênção que foi a vinda da família real e a Independência do Brasil, com aquele “grito” do príncipe regente, que mesmo ele sem sequer imaginar, abriria definitivamente as portas para o evangelho de Cristo no país.
Pra. Zenilda Reggiani Cintra
(Publicada em OJB, 120910)

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