segunda-feira, 9 de março de 2009

CAMINHOS PARA UMA CRIANÇA

Rafael. Um pré-adolescente saudável, cercado de amor e cuidados. Estuda numa escola particular, tem um quarto só seu, divertimento, estímulos para o crescimento, disciplina, incentivo e ensino cristão. Seus pais e irmãos cercam-no de toda a atenção. Cada mudança no seu comportamento gera ações imediatas de cuidado. Enfim, um pré-adolescente feliz, que tem todas as chances de ser no futuro uma pessoa realizada e capaz de cuidar de si mesma.
Na vida de Rafael cruzam-se duas mulheres. De um lado, a mãe biológica, moradora de rua, portadora do HIV e sífilis. Seu pai também é morador de rua, alcoólico, tendo um irmão mais velho preso e um outro adotado por uma família. Uma família completamente destruída. De outro lado, Ângela, salva por Cristo Jesus, cheia de fé, de misericórdia, já com três filhos e seu esposo, também crente, uma família liberta e restaurada por Jesus. Ela coordena um Centro Social que atende pessoas com as mais diferentes necessidades. Ela resolveu adotar um bebê. Conversou com a família, que concordou com ela. Por que? “Porque gosto de crianças e tenho muita compaixão daquelas que precisam de um lar”.
Quando a mãe biológica de Rafael engravidou, foi acolhida em numa Casa de Recuperação de Mulheres, e logo falou que daria o bebê para adoção. A sobrinha de Ângela soube e lembrou-se da tia. Foi aí que a história de Rafael começou a mudar. Quando ele nasceu, assim que recebeu alta no Hospital, foi acolhido no colo e coração da Ângela e sua família.
“Quase amamentei o Rafael”, lembra-se Ângela, referindo-se ao fato que suas emoções ficaram tão alteradas, que até os seus seios deram sinais característicos da mulher que amamenta. O primeiro grande medo surgiu quando suspeitou-se que Rafael teria herdado o HIV da mãe biológica. O resultado veio negativo, para alegria da mulher de Deus.
Para Ângela, a diferença do comportamento de Rafael em relação aos seus outros filhos é que ele precisa de mais amor. “Ele teve rejeição na barriga”, explica ela, acrescentando que Rafael sempre pede para tratá-lo com amor e cuidar bem dele. “Ele não deixa que a gente fale mais alto com ele e só faz as coisas se a gente pedir com carinho”.
Quanto ao seu sentimento por Rafael, comparando-o em relação aos seus outros filhos, ela diz: “O amor que tenho por ele é ainda maior do que pelos outros, talvez por pensar onde ele estaria se não estivesse comigo. Eu faço mais coisas por ele do que fazia pelos demais”, depõe a mãe do coração, mostrando os laços que vão ficando ainda mais fortes à medida em que o menino cresce.
Olhando para o futuro, Rafael pode sonhar. Quando pequeno, ele dizia que queria ser pastor para poder ajudar as pessoas. Quem sabe? Ângela sorri e diz que o desejo dela será o que Deus quiser e for melhor para ele. E acrescenta: “e que ele tenha sempre muito amor por nós, assim como temos por ele”.