Em 1910, um grupo de mulheres alemãs propôs que houvesse um dia especial quando as reivindicações por melhores condições de trabalho e diminuição da jornada, o direito à educação e ao voto feminino teriam maior visibilidade. Em 1911, aconteceu o grande incêndio em uma fábrica de New York, quando morreram 147 operárias e desde então o fato é lembrado como um marco que justificou a luta.
Em 1977, a ONU incorporou a data em sua agenda e os governos são incentivados a fazer, como parte das comemorações, um balanço dos progressos e obstáculos à cidadania das mulheres. O propósito também é levar o conjunto da sociedade a refletir sobre as formas de enfrentar as desigualdades de gênero, ou seja, pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, em diversas áreas. Os governantes e sociedades são pressionados a elaborarem políticas públicas anti-discriminatórias, além de promover ações para a conquista da cidadania plena das mulheres.
Toda a luta simbolizada pelo Dia Internacional da Mulher pode-se resumir a uma palavra: justiça. Para nós, povo de Deus, a justiça, michpat no hebraico, traduzido por direito, é a busca do prevalecimento do que é absolutamente certo diante de Deus e de todos. Desde o início da história Deus fez valer o direito das mulheres na sua progressiva revelação.
É assim que vemos no AT, quando o salmista escreve no Sl 146, que o Senhor é um Deus: que faz justiça aos oprimidos, dá o pão aos famintos, liberta os prisioneiros, abre os olhos dos cegos , endireita os encurvados, ama os justos, protege os estrangeiros e sustenta o órfão e a viúva.
A Bíblia mostra o Senhor fazendo justiça às mulheres oprimidas pela ótica patriarcal: Agar socorrida com seu filho no deserto (Gênesis 16); Débora, louvada por sua coragem e sagacidade militar (Juízes 4), Hulda, por sua pedagogia de se fazer entender pelos simples e poderosos (2 Reis 22); Ana na sua esterilidade (I Samuel 1); Rute, alvo de preconceito por ser uma estranha entre o povo hebreu, e muitas outras.
Podemos constatar a justiça de Jesus, a plena revelação de Deus, no NT. Sua missão foi (Lucas 4): anunciar as boas novas de Deus aos pobres, proclamar a libertação aos presos, recuperar a vista aos cegos e libertar os oprimidos. Essa justiça contemplou também as mulheres. Em sua atividade pública, Jesus se fez acompanhar pelos doze e por algumas mulheres: Maria Madalena; Joana, mulher de Cuza, o procurador de Herodes; Susana e várias outras. Portanto, o grupo de discípulos de Jesus não era constituído só de homens. Os evangelhos registram vários encontros de Jesus com mulheres. O mais intrigante deles é o seu diálogo teológico com a samaritana à beira do poço de Jacó, que foi a primeira pessoa a quem se revelou como Messias.
O primeiro milagre de Jesus foi para atender ao pedido de uma mulher, Maria, sua mãe. Jesus curou várias mulheres, como a aleijada da sinagoga; a filha de Jairo; a mulher que há 12 anos sofria de hemorragia, a filha da Cananéia e outras.
Descobrir que a mulher na Bíblia é alvo da justiça divina da mesma forma que os homens é questionar aqueles que insistem em ignorar o papel da mulher em pleno século 21, negando seus direitos e questionando sua cidadania plena diante de Deus, para o qual “não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gálatas 3:28).
Pra. Zenilda Reggiani Cintra - publicado em OJB 210310
Nenhum comentário:
Postar um comentário