Quando pensamos em toda a realidade espiritual da nossa
Pátria, podemos lançar um olhar usando
como referência uma novela que se tornou um fenômeno de audiência. O nome já é
bem sugestivo, Avenida Brasil, emprestado de uma longa via que atravessa a cidade
do Rio de Janeiro, RJ.
As pesquisas detectaram que oito entre dez
aparelhos de TV sintonizaram no folhetim, rendendo em determinados
capítulos 50 pontos de audiência, o equivalente a 46 milhões de
telespectadores. O fenômeno aconteceu porque
“a novela explorou um elemento perturbador, mas absolutamente
incontornável na vida em sociedade: o desejo de vingança”, diz a matéria de
capa da Veja (8agosto2012).
Não é de se admirar que a trama cativasse
tanto a atenção das pessoas. A vingança foi inúmeras vezes o tema de muitas
histórias bíblicas, como Ester, Davi, Isaú e Jacó e outras da mitologia como as
histórias de Medeia ou Zeus ou ainda da
literatura secular como O Conde de Monte Cristo. O sentimento de vingança está presente no
nosso dia-a-dia, quer como alvos dele ou como certos desejos escondidos no
coração, ainda que entregues como forma de mortificação da carne na presença de
Deus.
Todos sabemos que a vingança pertence a
Deus: “Não vingueis a vós mesmos” (Romanos
12:19)” ou “Não digas: vingar-me-ei do mal; espera pelo Senhor e ele te
livrará” (Provérbios 20:22) , ou ainda, “Quando cair o teu inimigo, não te
alegres... para que o Senhor não o veja, e isso seja mau aos seus olhos”
(Provérbios 24:17-18). Quando Jesus chora por Jerusalém, ele lembra que o povo
daquela cidade matava e apedrejava os profetas. No entanto, ao invés do seu
coração se encher de desejo de vingança, ele expressa a sua compaixão: “Quantas
vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das
asas, e não quiseste?” (Lucas 13.34).
Quando nos deparamos com os graves
problemas espirituais do nosso país, como a corrupção, a violência, os
relacionamentos difíceis dentro e fora das famílias, das igrejas, em ambientes de
trabalho e na sociedade de modo geral, precisamos suplicar a graça de Deus para
que o coração do seu povo se encha de compaixão, a mesma de Jesus que, não
ignorando a dor pessoal e espiritual expressas pelo seu choro, olha para aquela
cidade, onde derramaria o seu próprio sangue e exclamaria: “Pai, perdoa-lhes,
porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
(Pra. Zenilda Reggiani Cintra, publicado em O Jornal Batista, 09setembro2012)
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