sábado, 4 de maio de 2013

DEZ SUGESTÕES PARA O MINISTÉRIO DA TERCEIRA IDADE NA IGREJA


1) Promova atividades lúdicas, descontraídas e prazerosas, interna e externamente ao ambiente do templo, para grupos de pessoas idosas, tais como passeios pelo bairro, excursões e viagens de turismo, gincanas, eventos de dança de salão, pintura ou teatro.

2) Aprenda tudo sobre o Estatuto do Idoso, ensine às famílias os seus direitos e cobrem juntos das autoridades públicas o cumprimento da lei. Por exemplo, especialize-se na orientação às famílias sobre como obter seus direitos a atendimento médico e hospitalar tanto pelo SUS (rede pública) quanto nos planos de saúde. Leia tudo que puder e consulte especialistas. Lembre-se também do direito à alimentação. E procure entender o máximo de benefícios de aposentadoria e pensão, e de como ajudar o idoso a legitimamente conquistá-los. Sempre com o objetivo de saber como aconselhar as pessoas para fazerem valer seus direitos.

3) Desenvolva campanhas de conscientização para ajudar pessoas a identificarem e denunciarem violência e maus-tratos contra a pessoa idosa, e encaminharem as vítimas ao caminho da superação dos traumas.

4) Estimule a todos que convivem com idosos, e às próprias pessoas desta faixa etária, a promoverem a independência e a auto-estima desses indivíduos. Reflita sobre a Declaração dos Princípios para os Idosos das Nações Unidas (ONU), de 1982: I – Independência: os idosos devem ter acesso à comida, abrigo e cuidados médicos e ter oportunidade de trabalho e estudo na velhice; II – Participação: os idosos precisam permanecer integrados à sociedade; III – Bem-estar: os idosos precisam da proteção da sociedade e de contar com os serviços legais, como de assistência social e saúde; IV – Desenvolvimento: criar condições para que os idosos tenham acesso a recursos educacionais, culturais, religiosos e de recreação; V – Dignidade: os idosos necessitam da garantia de viver dignamente e em segurança, livres de explorações, discriminação e maus tratos.

5) Convide especialistas para palestras sobre as transformações físicas e emocionais que costumam atingir progressivamente as pessoas após os 60 anos. Ensine noções de cuidado no asseio cotidiano, nutrição e alimentação da pessoa idosa, chame a atenção para os perigos das quedas e outros tipos de acidentes.

6) Fale da importância da espiritualidade e da religiosidade. Exponha preceitos bíblicos que conduzem a um envelhecimento saudável.

7) Acompanhe e auxilie de perto os filhos no cuidado com os pais em sua velhice. Como diz Marleth Silva no Manual do Cuidador da Pessoa Idosa: “Muitos brasileiros estão enfrentando sozinhos as dificuldades trazidas pela velhice dos pais. Este isolamento tem um preço alto: por desconhecerem a realidade comum a todos os cuidadores, sofrem por coisas que não deveriam fazê-los sofrer. É um mundo de dor solitária e desnecessária”.

8) Preocupe-se com as questões de acesso, inclusive aos ambientes de oração e estudo bíblico. Lembrando, por exemplo, que escadas demais atrapalham. Ofereça um serviço de transporte gratuito para levá-los à igreja e de volta pra casa, assim como esteja disponível para socorrer numa emergência de saúde ou em outro tipo de necessidade especial. Visite pacientes e apóie regularmente abrigos, clínicas e hospitais geriátricos. E também é fundamental facilitar o acesso na questão educacional. Sempre procure currículos, metodologias e material didático e programas de educação cristã adequados aos idosos. Exemplo: publicações que facilitem a leitura, considerando a natural redução da capacidade visual.

9) Ensine a usar o computador através de cursos especiais para idosos. É preciso integrá-los cada vez mais à vida moderna.

10) Lembre aos filhos e netos o mandamento bíblico de “honrar pai e mãe”, fale da importância de respeitar os mais velhos e de dar ouvidos à sua sabedoria.

domingo, 31 de março de 2013

PÁSCOA - LUZ NA ESCURIDÃO

Havia trevas sobre a face do abismo
E disse: haja luz!
No princípio era Jesus,
E Jesus estava com Deus,
E Jesus era Deus.
Todas as coisas foram feitas por Jesus
E sem Jesus nada do que foi feito se fez.
Em Jesus estava a vida
que resplandece nas trevas.

O povo que andava em trevas
viu uma grande luz,
Porque Jesus se fez carne
e habitou entre nós.
Deus nunca foi visto por ninguém,
Mas foi revelado por Jesus.
e todos quantos o receberem
deu-lhes o poder
de serem feitos filhos de Deus.

Houve trevas em toda a terra,
escurecendo-se o sol;
Quando o Cordeiro de Deus,
Que tira o pecado do mundo,
Foi ferido pelas nossas transgressões
E moido por nossas iniquidades.
Quando clamou em alta voz:
Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.
E expirou.

No domingo, ao despontar da luz,
as mulheres foram ao sepulcro.
A pedra estava revolvida
E não acharam o seu corpo.
Dois anjos disseram:
Por que o buscais entre os mortos?
Não está aqui, mas ressuscitou.
Ide e anunciai.

E Jesus se apresentou e disse-lhes:
Paz seja convosco!
Mulher, por que choras?
Não temais.
O néscios, e tardos de coração
para crer nos profetas!
Não convinha que o Cristo
padecesse estas coisas
e entrasse na sua glória?

E os discípulos disseram:
Fica conosco, porque já é tarde,
e a noite chegou.
E ele, tomando o pão, o deu a eles,
Que então o conheceram
e Jesus desapareceu.
E disseram um para o outro:
Porventura não ardia em nós o nosso coração
quando no caminho nos abria as Escrituras?

Era necessário que o Cristo padecesse.
e ressuscitasse dentre os mortos
E em seu nome se pregasse o arrependimento
e a remissão dos pecados,
em todas as nações.
Tudo foi escrito para que creiais
que Jesus é o Cristo.
Pois quem o segue não andará em trevas,
Porque ele é a luz do mundo.
(Zenilda Reggiani Cintra - Publicado em OJB - 24mar13 - com alterações)

quinta-feira, 7 de março de 2013

O SOFRIMENTO FEMININO - DIA INTERNACIONAL DA MULHER

A premiação do Oscar para o filme As Aventuras de Pi, na categoria de Melhor Trilha Sonora, fez-me recordar da jovem indiana de 23 anos que morreu, no final de dezembro de 2012,  como vítima de estupro. Ela voltava para casa com o namorado depois de assistir esse filme em um Shopping de Nova Delhi, quando tomaram um ônibus e os seis homens que estavam no veículo estupraram e torturaram a mulher de maneira brutal. Eles espancaram também o namorado e jogaram os dois fora do veículo em movimento, deixando-a à beira da morte. Jyoti Singh Pandey morreu 13 dias depois com falência múltipla dos órgãos.

O que esse fato tem a ver com o Dia Internacional da Mulher? O dia 08 de março, desde a sua origem, é uma data para chamar atenção sobre os direitos e a defesa da mulher diante da violência e discriminação que tem como raiz a desvalorização do sexo feminino. A ONU também abraçou a data com o objetivo de levar a sociedade a refletir sobre as formas de enfrentar as desigualdades de gênero. Os governantes e sociedades são pressionados a elaborarem políticas públicas anti-discriminatórias, além de promover ações para a conquista da cidadania plena das mulheres.

A violência sofrida pela jovem indiana reflete a cumplicidade de uma cultura que acredita que uma mulher andar na rua significa que ela está pedindo para ser estuprada. Esse é um tema doloroso pela violência do ato, pela desumanidade do agressor, pela violação extrema do corpo, pela dor psicológica e pelo medo de uma gravidez, uma doença e do julgamento social. E também, em muitas ocasiões, pelo descaso da polícia e da sociedade, que vitimiza a mulher ao não acreditar nela, ao dizer que ela 'facilitou' o ataque pela sua roupa 'indecente', por ter andado numa rua deserta ou ter aberto a porta para aquele conhecido em quem confiava e que a atacou.

O estupro é apenas um dos problemas que as mulheres enfrentam. Há ainda muitos outros como, por exemplo, em pleno século XXI, mulheres sofrerem a mutilação genital, uma prática cultural de alguns países africanos, que causa marcas e sofrimentos permanentes, físicos e psicológicos. Impedir que mulheres tenham acesso à educação e vida profissional é outra realidade enfrentada por mulheres e que veio à tona, mais uma vez, com a divulgação da violência sofrida pela adolescente paquistanesa de 15 anos, Malala Yousufzai, em outubro passado, que levou um tiro na cabeça que deformou o seu rosto por defender o direito à educação para mulheres.

Esses sofrimentos femininos estão muito mais perto de nós que às vezes possamos pensar. Podemos ainda mencionar o tráfico de mulheres para a prostituição, a imposição de casamentos, os salários injustos e a exploração sexual de meninas. Outro flagelo é o sequestro para casamento e trabalho escravo de jovens mulheres em países hoje afetados pela restrição da natalidade há alguns anos atrás e que levou muitos casais a abortarem meninas. E são tantas, tantas outras violências morais, físicas, psicológicas e religiosas, muitas vezes inomináveis, frutos do preconceito e da desvalorização da mulher como ser humano.

Como povo de Deus, não podemos ficar indiferentes ao que acontece com as mulheres. Comemorar esse dia significa refletir a respeito do valor que Deus atribui a cada mulher, rever nossos conceitos e a hermenêutica dos textos bíblicos, muitos deles ainda interpretados à luz dos mais tristes preconceitos culturais contra a mulher, confortáveis para aqueles que usufruem do poder nos mais diversos contextos ou para aqueles que são subservientes a ele. Seria uma ocasião própria para que nossos seminários, por exemplo, promovessem eventos teológicos para examinar esta questão da mulher sob diferentes óticas e não apenas para reforçar conceitos defasados e oportunistas.

Essa data também oferece uma oportunidade singular de intercessão, de cobrir as mulheres do mundo com oração, de olhar para as que sofrem como resultado dos preconceitos culturais para os quais estaríamos irremediavelmente condenados, não fosse Jesus Cristo, o seu amor e a sua cruz. Também é uma oportunidade de ação, sob a autoridade do Mestre, que diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que... enviou-me para proclamar libertação aos cativos... para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Luc. 4.18,19).
(Pra. Zenilda Reggiani Cintra, publicado em O Jornal Batista, 10março2013)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

NATAL - SEMPRE NATAL E LOUVOR

Natal sempre é Natal, a gratidão a Deus pelo nascimento do seu Filho amado. Não importa se ele não nasceu mesmo em dezembro ou que fizeram um grande comércio em torno da data. O que importa, mesmo, é o louvor dos nossos corações, não esquecendo também que se torna uma ocasião tão especial para estarmos juntos em família, renovando nossos contatos e nossa comunhão.

Tenho muita compaixão quando ouço pessoas dizerem que não gostam do Natal porque relembram da infância, queridos que se foram e situações que resultaram em trauma. É muito comum ouvirmos essas considerações de mulheres que enumeram os motivos que não gostam do Natal. Ou ainda de pessoas sozinhas que se recusam, ou não encontram forças, para viver as alegrias do Natal.
Gosto do Natal. Amo o Natal. Porque Natal é Jesus. Não importam as circunstâncias em que estou envolvida a cada ano porque o motivo real da festa é Jesus, que continua sendo o Salvador amado, aquele que se fez um pequeno bebê em Belém, enchendo de ternura o nosso coração e permitindo-nos identificar-nos com sua trajetória. História capaz de tornar nossos Natais, quer em casa quer nas igrejas, cheios de alegria por ver nossas crianças também louvando a Deus pelo pequeno bebê, o grande Deus Salvador.
Quando era criança, nossos Natais eram cercados de grande emoção. Era difícil o dia 24 não chover e lá íamos nós, com as roupas e calçados novos, na chuva. O último trecho para chegar à igreja era de terra e havia muita lama. Ficávamos descalços e quando chegavámos, eu e meus irmãos, lavávamos os pés e colocávamos novamente os sapatos. E tudo era festa! Os enfeites, a árvore, os cânticos,  a peça teatral, as poesias e, no fim, os doces para todas as crianças. Que maravilha! Tudo sem muitos recursos, sem pompa e circunstância, mas com o foco bem centrado naquele que adorávamos: o Deus nascido entre nós.
Talvez seja por esse legado, com o foco tão bem definido, que gosto do Natal. E as gerações se sucedem e nos empenhamos em que elas também percebam e saibam o verdadeiro motivo do Natal, aquele que deve nos levar a ter o coração cheio de alegria e louvor: o Deus conosco,  o Rei Jesus.
(Pra. Zenilda Reggiani Cintra. Publicado em OJB 23dezembro12)

PÁSCOA - E AS MULHERES TAMBÉM!

Como é bom perceber a presença das mulheres no clímax da missão de Jesus aqui na terra! Lucas, de uma maneira singular, intercala a narração do julgamento, morte e ressurreição de Jesus, pontuando a presença e a ação das mulheres. Não são mulheres quaisquer, mas aquelas que acompanhavam Jesus desde a Galiléia (23.49): Maria Madalena, liberta de Satanás (Mar 16.9); Joana, curada de uma enfermidade (8.2); Maria de Cleopas e algumas outras. João cita ainda a presença da mãe de Jesus (19.25).

Tento imaginar como foi para cada uma delas, com toda a sensibilidade feminina, estar lá e testemunhar, em primeira mão, o sofrimento do Mestre amado. Mesmo em meio a tanta tristeza, elas deixaram evidentes algumas características próprias das mulheres, que tanto abençoam o Reino de Deus.

Primeiro, elas observaram. “... e as mulheres que também o haviam seguido desde a Galiléia, estavam de longe vendo estas coisas” (Luc 23.49). Depois, acompanharam o seu corpo quando foi levado: “E as mulheres também seguiram e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo” (Luc 23.55).

Todos nós sabemos o final. Sabemos que Cristo ressuscitou dentre os mortos, mas a ressurreição não tinha acontecido ainda e a dor destas mulheres era esmagadora. Podemos imaginar que, nas suas mentes, os sons e as imagens da crucificação pesavam fortemente. Elas tinham visto e ouvido tudo. As últimas palavras de Cristo, “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Luc 23.46), ainda ecoavam em seus ouvidos.

Em segundo lugar, estas mulheres agiram (23.56). Elas prepararam as especiarias e o que era necessário para embalsamar o corpo do Senhor. Deixaram passar o sábado e no domingo pela manhã foram ao sepulcro. Mas as circunstâncias mudaram seus planos. O verso 24.4 diz que elas ficaram “muito perplexas” pois o túmulo estava vazio. Os dois anjos, como elas estavam com medo e curvaram seus rostos para a terra, disseram: “Por que vós buscais a vida entre os mortos? Ele não está aqui, mas ressuscitou” (Luc 24.5-7).

É maravilhoso o que acontece em seguida: elas não guardam só para si e procuram os discípulos, narrando os acontecimentos, ainda que eles não acreditem nelas, talvez porque eram mulheres. E foi a Maria Madalena que Jesus primeiro apareceu após ressuscitar. Apesar das mulheres terem pouca influência na cultura daquela época e nenhuma autoridade para falar sobre assuntos religiosos, Jesus deu a elas o papel de anunciar a outros a sua ressurreição. Por quê? Talvez Jesus quisesse deixar bem claro que foi pelos pecados das mulheres e dos homens que ele morreu e que ambos têm o mesmo valor para ele.

Faz sentido perceber por que foram as mulheres que demonstraram o seu amor de maneira tão clara e ficaram aos pés da cruz de Cristo e depois acompanhando de perto o seu corpo, enquanto a maioria dos discípulos homens fugiram para salvarem suas vidas. Elas tinham uma dívida de gratidão infinita, a mesma de todas nós. Aleluia!
(Pra. Zenilda Reggiani Cintra. Publicado em OJB 08abril12)