terça-feira, 4 de agosto de 2009

MULHERES NO MINISTÉRIO CRISTÃO - FRAGILIDADE E FORÇA

Escrevi o capítulo
Convicções e Dilemas de uma Pastora


Livro aborda o ministério de mulheres sem levantar a bandeira feminista

Adriana Amorim



Longe de querer levantar a bandeira feminista, "Mulheres no Ministério Cristão - Fragilidade e Força", da Betel Publicações, traz ferramentas para a atuação da mulher nas igrejas. O livro é uma compilação de 29 artigos, escritos por 22 autoras, membros atuantes de 10 denominações evangélicas, em diferentes estados no Brasil. Os textos foram organizados em cinco blocos temáticos: "Dons e ministérios", "Espiritualidade", "Vida pessoal e familiar", "Equilíbrio emocional" e "Alguns conflitos Nossos". Além de um adendo com cinco artigos que mostram recursos práticos para o apoio mútuo entre mulheres e o estimulo à formação de pequenos grupos. A obra foi lançada no Congresso "Mulheres em Ministério", que aconteceu em Atibaia (SP), de 17 a 19 de abril. O evento, promovido pela Sepal Mulher, contou com a participação de aproximadamente 180 participantes de 32 denominações, entre elas: pastoras, esposas de pastor, missionárias e mulheres em liderança.
Cláudia Mércia Miranda, coordenadora editorial e editora, conta que os textos, além de debaterem temas pertinentes ao ministério feminino, são pessoais: "Há por exemplo a experiência de uma médica que depois de algum tempo o marido sentiu o chamado para o ministério, assumiu uma igreja e foi trabalhar em uma cidade periférica, uma comunidade carente, onde ela não tinha como exercer a Medicina, porque ela dependia de laboratórios [...] Então ela mostra como viver esse chamamento para ser uma mulher de pastor atuante na comunidade [...] Hoje ela consegue usar os conhecimentos da Medicina, ser uma mulher influente como esposa de pastor e mobilizar a comunidade dela. Nesses artigos, além dos princípios bíblicos com os quais as autoras defendem os temas propostos, elas também colocam-se, mostram-se [...] Há um pouco de testemunho".
Idéia
A idéia do livro surgiu com a formação do grupo de trabalho "Mulheres no Ministério", da Sepal - Servindo a Pastores e Líderes.Por meio de uma pesquisa, a missão avaliou que entre as necessidades da mulher na Igreja, estavam a falta de ferramentas e de literatura direcionada ao segmento. A responsável pela organização e convite das autoras, todas mulheres atuantes na obra de Cristo, foi Barbara Lamp. Missionária da Sepal, Barbara distribuiu temas de acordo com a experiência de vida e ministério das líderes.
"Ele busca preencher esta lacuna, oferecendo conteúdo muito próximo da realidade da mulher no ministério. Os desafios dela como mulher, como mãe, como criadora de filhos, como alguém que passa a tocha da fé aos seus próprios filhos e que é formadora também na comunidade onde ela congrega. Os desafios como esposa de pastor, como missionária, mulher em liderança", esclarece a editora.
A mulher é a exploração do coração
O título do livro "Mulheres no Ministério cristão - Fragilidade e Força" relaciona-se à passagem bíblica de 2 Co 12:9: "A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo" (2Co 12.9). A citação do apóstolo Paulo foi também tema de palestra da missionária Durvalina Bezerra, diretora do Seminário Betel Brasileiro (SP), durante o congresso da Sepal, em Atibaia.
Autora dos artigos "Preparadas para ministrar" e "Disciplinas Espirituais", partes da obra, Durvalina explica que a fragilidade não é uma questão de gênero: "Quando Paulo fala de fragilidade e força, ele está olhando a questão da nossa humanidade, nossa insuficiência ou incapacidade para fazer a obra de Deus e ser um verdadeiro discípulo de Cristo dentro dos parâmetros, dos princípios estabelecidos por Jesus. Então, se nós formos olhar para nossa própria personalidade humana, sabemos de nossa incapacidade para isso [...] Então, a fragilidade é o reconhecimento da insuficiência, da nossa inadequação [...] Agora, quando percebemos o poder da graça de Deus, que nos favorece, nos fortalece, capacita, o agir do Espírito Santo que nos assiste, que nos capacita com dons, com as virtudes da pessoa do Espírito Santo, temos recursos para viver e fazer a obra de Deus, dentro do princípio bíblico e do padrão de Jesus. Aí a gente pode dizer: Somos fortes".
A missionária, que é também professora da disciplina "Vida Cristã", no Seminário Betel Brasileiro, reitera que não deseja expressar uma visão feminista sobre o ministério de mulheres: "Não levanto a bandeira do feminismo. Defendemos o quê? O valor da mulher. A mulher tem dons e talentos, tem vocação. Ela deve exercer seu ministério não porque é esposa de pastor, porque ela quer um título, porque precisa aparecer. Deve exercer o ministério por causa da sua vocação [...] Assim como Deus salva o homem, Deus salva a mulher, pelo mesmo preço, o sangue de Jesus. Assim como Deus dota um homem de dons e talentos, Deus dotou a mulher, dados pelo Espírito Santo. Então, no corpo de Cristo não há diferença, como o apóstolo Paulo fala em Gálatas 2:18. Ele diz: "Porque em Cristo não há macho ou fêmea". Não há gênero! Não há judeu nem grego, não há raças".
Para a missionária, abordar o assunto é também confirmar o papel atual da mulher na sociedade. "52% dos alunos das Universidades são mulheres, um número maior do que o de homens. 52% dos projetos de empreendedorismo hoje são de mulheres. 30% dos lares atualmente são chefiados pelas mulheres. A mulher está na política, em cargos civis e militares. Por que não ter o espaço dentro da Igreja? Então, nós estamos dizendo: A mulher pode estar no ministério". No entanto, ela teme que esse espaço torne-se impulso para a disputa entre os sexos. "A mulher viveu por muito anos pressionada, limitada, muitas vezes discriminada. Em alguns setores da igreja evangélica, ela ainda é vista como aquela que pode cuidar das crianças e participar da oração. Não lhe é dado o direito de ir ao púlpito, ensinar, pregar, liderar [...] Agora, a mulher não pode viver para competir com o homem. Esse é o nosso temor. Não é porque agora ela tem espaço, que vai se masculinizar. Não. 'A mulher pode contribuir com o mundo através de seu olhar feminino'. Através de sua contribuição de relação pessoal, ao sobrepor -se ao pensar racional, sentindo. Por quê? Porque mulher é a exploração do coração, não apenas da razão. O que não quer dizer que ela não pense".


Um comentário: