Este texto é um tributo às instituições da União Feminina Missionária
Batista do Brasil que têm se dedicado há mais de 90 anos a formar mulheres
chamadas por Deus para o ministério.
O que faz uma jovem do Amazonas viajar para Recife, PE, em
1917, quando os transportes eram tão difíceis, para estudar a Bíblia? O chamado
de Deus! Josefa Silva queria habilitar-se para o ministério com crianças. Mas
quando chegou à cidade, o Seminário Batista do Norte do Brasil não recebia
mulheres. Foi o casal Taylor, missionários pioneiros batistas, quem a acolheu
e, juntamente com ela, gradativamente, outras jovens, nascendo assim o
Seminário de Educação Cristã, SEC.
No Rio de Janeiro, cinco anos depois, em 1922, nascia o
Centro Integrado de Educação e Missões, Ciem, como anexo do Colégio Batista
Brasileiro porque o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil também não
recebia mulheres.
Já são mais de 90 anos de história de cada uma dessas
instituições, mais de 60 deles sob a direção da União Feminina Missionária
Batista do Brasil, UFMBB, que as assumiu na década de 1940.
Quando os hoje Ciem e SEC surgiram, nossa República se
firmava e o Brasil ainda era rural. Nossas igrejas batistas começavam a
usufruir uma certa liberdade para crescimento e os pastores eram poucos. Ao
lado dos Seminários no Norte, Sul e Equatorial que formavam os homens, o Ciem e
o Sec, formavam mulheres em um ambiente cultural e religioso extremamente
machista quando ainda nem se falava em feminismo, como querem alguns
interpretar que seja o motivo de mulheres se apresentarem hoje para o
ministério.
Acredito que esse "ardor missionario" tão
valorizado, com razão, por nossa Denominação, deve-se em grande parte à ênfase
em Missões no preparo de centenas de mulheres ao longo dessas décadas e ao
trabalho de divulgação missionária e incentivo às vocações e sustento como base
do ministério da UFMBB.
Em um dos dias da Assembleia da CBB em Foz do Iguaçu, PR, em
janeiro de 2012, almocei com a diretora
do SEC, Profa. Ábia Saldanha Figueirêdo. Emocionei-me ao ouvir suas histórias
de luta pela sobrevivência institucional e financeira do SEC nos últimos anos,
que também foi atingido pelas crises pelas quais passaram as instituições
batistas de preparo teológico e ministerial. Falou-me dos embates ideológicos
nos plenários da convenção e do seu empenho de fé e trabalho para a conservação
do patrimônio e o preparo daqueles que lá estudam. Diante dela, fui pensando nas dezenas de mulheres que
passaram pela UFMBB, SEC e IBER ao longo dessas décadas, cada uma trilhando o
seu caminho de fé, coragem e obediência para que chegássemos até aqui e
deixando marcas na sua geração.
Hoje, o Ciem e o SEC preparam homens e mulheres, como também
todas as demais instituições da denominação, demonstrando que os tempos são
outros e que não é possível mais haver barreiras, tanto para o preparo quanto
para o ministério.
Pessoas preparadas por estas instituições são pastores(as), “ministros(as)
de educação cristã, ação social, música, crianças e missões; são secretários(as),
professores(as) de colégios e universidades. São dirigentes de centros sociais,
de creches ou estão liderando os Centros Missionários de nosso país. São
missionários(as) da JMN, JMM e nos estados. Muitos(as) estão em outros países
pregando o evangelho a toda criatura, enquanto outros(as) estão aqui segurando
as cordas e promovendo missões” (site do SEC).
Como aquela menina do Amazonas, lembro-me do dia em que, atendendo ao chamado
de Deus, fui de São Paulo para o Rio de Janeiro, uma caminhada longa para mim,
a fim de preparar-me para o ministério e de como essa atitude mudou a minha
história. Que outras pessoas vocacionadas, especialmente mulheres desta
geração, também tenham a coragem de empreender a sua caminhada de fé, coragem e
obediência.
Publicado em OJB 22junho2014
Publicado em OJB 22junho2014