terça-feira, 29 de junho de 2010

VUVUZELA












De repente a palavra invadiu o vocabulário dos torcedores. Qualquer corneta se tornou vuvuzela, termo emprestado de uma outra, de cerca de um metro de comprimento, usada po torcedores  em jogos de futebol na África do Sul. As vuvuzelas ganharam forte exposição na mídia devido à Copa do Mundo 2010. De maneira geral, as referências à vuvuzela africana não são nada simpáticas. O instrumento só tem a nota sol, alcança mais de 100 decibéis e atrapalha torcedores e atletas, como também profissionais que trabalham na cobertura do evento.

Certo que há muito barulho nesta Copa, tanto lá quanto aqui. Começa com a escalação da seleção de Dunga, rejeitada por grande parte dos torcedores brasileiros. Cada um dá sua opinião, apontando os jogadores que deveriam estar lá. Parece que a única unanimidade é que não basta a seleção jogar: tem que ser com arte, beleza, alegria, criatividade, raça e, lógico, para vencer.

No extremo sul do continente africano, o que ainda causa barulho são os efeitos do apartheid, medida segregacionista na África do Sul que vigorou por 42 anos, de 1948 a 1990, separando brancos e negros e trazendo extremo atraso e miséria para a população negra. Foi nesse cenário que surgiu o grande herói, Nelson Mandela que, assim como Marthin Luther King, soube lutar por justiça para o seu povo, o que lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz em 1993. As leis aboliram oficialmente o apartheid, mas ainda resta um longo caminho a ser percorrido para uma verdadeira igualdade.

Mas o maior barulho para nós, evangélicos, foi a recomendação da FIFA de que os jogadores evitem comemorações religiosas durante o Mundial de Futebol, tendo o Brasil como alvo principal devido às comemorações dos jogadores, tanto na Copa de 2002 quanto na Copa das Confederações, em 2009, quando manifestaram a sua fé em Cristo Jesus (Estadão, Esportes, 010610). Isso significa, por exemplo, que os jogadores estão proibidos de levantar a camisa para mostrar mensagens escritas em camisetas por baixo do uniforme e que pastores são permitidos na comitiva, mas não devem participar de atividades ligadas às partidas oficiais da Copa do Mundo. É de se estranhar que no Mundial de Atletismo em 2009, uma atleta competiu com burca e o fato foi noticiado de maneira favorável pela imprensa, ou pelo menos sem maiores críticas.

Ainda assim, nós que sempre nos acostumamos a anunciar o evangelho em ambientes hostis, o maior “barulho” que desejamos ouvir, além da vitória da seleção, naturalmente, é a do testemunho dos atletas cristãos presentes na seleção: Kaká, Lucio, Felipe Melo e Luiz Fabiano, além de Jorginho, auxiliar técnico de Dunga. Um testemunho de fé, ainda que silencioso publicamente, mas que honre o nome de Jesus para todas as nações, aliado à ação de mais de 200 voluntários brasileiros que seguiram para a África do Sul, na liderança do casal de missionários da JMM, Pr. Marcos e Luciana Grava. Que o som das vozes deles e de suas atitudes respondam à convocação do profeta: “Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia...” (Isaias 58.1)
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segunda-feira, 14 de junho de 2010

OS MEUS PASTORES E PASTORAS

Pr. Mário Pereira da Silva, pastor da Igreja Batista em Vila Gerte, São Caetano do Sul, SP.

Tive pastores durante toda a minha vida. O primeiro deles foi o meu pai, Oswaldo Reggiani. Apesar de não ser um pastor ordenado, exerceu a função pastoral em várias igrejas como evangelista. Dele, o que mais me marcou foi o seu temor a Deus e o seu amor pela igreja de Jesus Cristo. Do período da infância me lembro ainda do Pr. Francisco Assis Chaves de Carvalho, homem amoroso e inteligente que sempre valorizou o meu chamado e até hoje acompanha o meu ministério com alegria, sempre um incentivador de tudo o que faço.
Outro pastor que me lembro com muito carinho e gratidão é o meu tio, Pr. José Regeani, que foi missionário no Rio Grande do Sul por 18 anos, tendo atuado depois em Teresópolis, no Rio de Janeiro. Seu ardor evangelístico, sua alegria e identificação com o povo, andando por povoados e cidades ao redor, foram as características de ministério que ficaram gravadas em minha memória, além do seu carinho, da ajuda no sustento e cuidado comigo, uma vocacionada em formação, tendo todas as oportunidades de desenvolvimento como qualquer outro seminarista.
Dos pastores que têm acompanhado mais de perto a minha vida, por mais longo tempo, destaco o Pr. Mário Pereira da Silva. Como meu pastor desde os 14 anos, foi ele o instrumento de Deus para a confirmação do chamado da infância, encaminhamento de preparo e o custeio do período de estudos. O seu carinho e cuidado têm acompanhado a mim e a minha família por todos esses anos. Além desse cuidado pessoal, marcaram-me profundamente o seu amor por Jesus, a visão de ministério, o ardor evangelístico, o amor pelas pessoas e a sua fé. Ele sempre diz que eu fui a primeira mulher a quem ele cedeu o púlpito em sua igreja e sempre digo a ele, brincando, que foi ai que tomei gosto e, então, ele é o grande responsável por hoje eu ser pastora. Não sei se ele concorda com minha conclusão.
Não posso deixar de citar o meu marido, Pr. Fernando de Oliveira Cintra, cuja visão e também amor pela igreja de Jesus têm descortinado sempre um novo momento para o nosso ministério.
Poderia citar também todos os pastores com quem trabalhei nas mais diversas esferas denominacionais e do Reino de Deus e que mostram a dedicação, a renúncia, a fé e a esperança com a qual servem a Jesus.
Mas eu também poderia citar várias “pastoras”, desde mulheres das igrejas por onde passei como também várias outras que participaram diretamente da minha formação. Posso me lembrar de várias professoras, missionárias e companheiras de ministério, verdadeiras pastoras, que sempre serviram a Jesus com todo o amor e dedicação e que são o crivo de eficiência para o meu ministério. Recordo-me com alegria da Pra. Silvia da Silva Nogueira, a primeira pastora ordenada da Convenção Batista Brasileira, para quem o pioneirismo cobrou um alto preço. Lembro-me da Pra. Terezinha Meirelles, do Paraná, que conheci ainda seminarista e cuja vocação é atestada por todos os que convivem com ela, como também é o caso da Pra. Diana Cavalcanti, da Paraiba, a Pra. Elisabete Teófilo, do Ceará, a Pra. Eridinaide Cunha, de Fernando de Noronha, a Pra. Marli Mette, de Santa Catarina e tantas outras, mais de 100 pelo Brasil.
Vivemos um tempo em que a sociedade critica exaustivamente as instituições e seus líderes. Como reflexo dessa característica, os pastores e as igrejas são alvos permanentes de análises, por vezes cruéis, de uma parcela do povo de Deus. É certo que nem todos os pastores, e pastoras, têm uma vida que condiz com o chamado, mas é certo, também, que a maioria deles honra a vocação e o Deus que os chamou.
Tenho tido a bênção e o privilégio de conviver durante toda a minha vida com homens e mulheres de Deus e por isso tenho sempre o coração cheio de gratidão e respeito no Dia do Pastor... e da Pastora!

(Publicado em OJB - 130610)